sábado, 7 de novembro de 2009

1a etapa de Formação da OLP em Rio Branco



Alguns textos produzidos pelos dois grupos de coordenadores em Rio Branco.
Atividade da oficina 2: voltar ao tempo de escola e relembrar uma experiencia interessante que tiveram com produção de texto.

Meu comentário: A adesão das escolas foi excelente: 52 escolas inscritas, com participação efetiva de 52 coordenadores na 1a etapa de formação.
Agradecimento especial ao professor Manoel Teixeira que me orientou, no periodo de formação, o passo a passo para postagem no blog.

(Gleice - SEME - Rio Branco)

MEMÓRIAS DE UMA EDUCAÇÃO

Lembro-me daquela velha casa que costumávamos chamar de nossa escola ou seria de minha casa?
Era tudo num único espaço. Aquela professora severa com seus alunos e com os filhos também (nos quais me incluo).
Mas, também me lembro o quanto àquela professora era dedicada, organizada e planejava suas aulas á noite com lamparina. Eu me lembro porque estava sempre junto “atrapalhando” porque ela sempre dizia“menina não me atrapalhe”, quando eu pedia uma coisa ou outra.
Aprendi a ler e a escrever, mas não sei se foi antes ou depois de entrar na escola. O fato é que cresci. Segui em frente. Outros professores vieram. Fiz muitas redações mais não lembro os assuntos. Lembro-me das correções. Como poderia esquecer? Aqueles vários pontinhos avermelhados. As minhas letras se perdiam entre tantos.
Certo dia, acreditem, como minha mãe, também me tornei professora e o que aprendi a ensinar: redações sobre minhas férias, teoria da relatividade, tudo que nada tinha a ver com o cotidiano ou sem função social para os alunos. Mas, de repente, começou a vislumbrar no ensino, uma nova vertente: o trabalho com os gêneros textuais. E assim, aqui estou eu, querendo aprender mais sobre.

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Maria Aparecida Moreira da Silva
Coordenadora da escola Duque de Caxias - Rio Branco
(Formação – 22 de outubro de 2009)

CARTA

Rio Branco, 16 de outubro de 2009.

Cara Gleice,

Minhas lembranças da escola são boas, mas começam complicadas porque demorei a aprender a ler e, muito cedo, passei pela humilhação de ser da 1ª série “fraca”, isso foi horrível!
Mas depois que aprendi tudo foi ótimo, tirando Matemática, eu sempre fui aquela aluna que tinha as redações do dia das mães, da árvore, da Independência e quais mais dias tivessem, expostas no mural da escola. E eu fazia as leituras em público desses dias todos. Esses eram, sempre, os temas para escrita.
Acho que levei tão a sério que ainda hoje penso que sei escrever e que posso fazer isso em vários gêneros.
No mais foi bom te ver e voltar a trabalharmos juntas.

Cheiros
Cleonice Duarte
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Cleonice Rodrigues Duarte
Coordenadora das escolas Ione Portela e Castelo Branco - Rio Branco
(Formação – 16 de outubro de 2009)




MEMÓRIAS ESCOLARES
Não gosto de lembrar, pois tive muita dificuldade para aprender a ler. Todos os dias minha professora pedia para tomar minha lição. Como? Se não sabia ler? A famosa lição do dia era a hora do terror. Baixava a cabeça e começava a chorar. Tinha pânico!
E quando ela pedia para que eu desenhasse e escrevesse sobre o que desenhei? Entrava em desespero. Por quê? Eu não sabia escrever, só copiar.
Por isso e por muito mais, odeio lembrar da escola na minha infância.



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Ana (Professora que prefere não ser identificada)
Coordenadora de uma escola de Rio Branco
(Formação – 22 de outubro de 2009)
A ÁRVORE ENCANTADA

Das muitas coisas de minha infância, que guardo na memória, essa é a que mais me marcou. Existia no sítio do meu pai uma majestosa mangueira. Era uma frondosa árvore, imponente com gigantescos galhos e espessa folhagem. Sob seus galhos o mundo era mais alegre, mais bonito, mais cheio de vida. Ela estava sempre disposta a abrigar a todos que dela precisassem.
Eu estudava o ano inteiro, com afinco, para no período das férias ir para o sítio e rever tudo ali, mas, sobretudo, rever aquela magnífica árvore. Para mim aquele era o melhor lugar do mundo. Passava horas olhando o constante tremular das folhas agitadas pelo o vento.
Não foram poucas as vezes que me deitei na grama e fiquei olhando sua beleza e sentindo a paz que ela transmitia. Em nenhum outro lugar me sentia tão feliz. À sombra dela, sentindo o vento fresco batendo no rosto, viajava no mundo da imaginação onde tudo era permitido. Inúmeras viagens fiz à sua sombra. Viajei dias pelo o espaço sideral, visitei vários planetas, atravessei galáxias e muitos outros lugares que não lembro o nome. Fui também o príncipe que despertou a bela adormecida de cem anos de profundo sono. Fui rei, guerreiro, super-herói
Aqueles poucos metros quadrados eram o meu mundo, meu reino, lá tudo era possível. Eu decidia o que podia e o que não podia acontecer. E eu decidi que o meu mundo fosse perfeito. Sem desigualdade, sem injustiça, sem guerra, sem fome. Enfim, era um mundo no qual as pessoas viviam em perfeita harmonia. Era o meu mundo. O mundo dos meus sonhos. Sinto saudades daquele mundo, mas não consigo mais encontrá-lo. Já o procurei nos lugares onde imaginei poder encontrá-lo, mas foi em vão.
E nessa incansável procura voltei meus pensamentos para o velho sítio, e revendo a velha árvore, me veio à mente um episódio no mínimo pitoresco: Estava eu, como era de costume, à sombra da mangueira, deitado de braços abertos olhando para o alto, vendo o frenético movimento das folhas. Os raios do sol com dificuldade penetravam a densa e verdejante folhagem. Em meio ao dançar constante das folhas vi algo de aspecto arredondado e de cor dourada. E um súbito movimento me pôs de pé. Então tentei visualizar melhor o objeto. A princípio achei que fosse uma manga. Idéia que logo descartei, pois lembrei que aquela árvore, apesar de sua idade, nunca havia dado fruto. Mas mesmo assim, fixei meus olhos naquele objeto reluzente. A possibilidade, daquele objeto, ser uma fruta animou-me muito, pois seria o primeiro daquela árvore. E talvez fosse um presente dela para mim. Esse pensamento me encorajou a escalar a árvore e apanhar meu suposto presente.
Sem desviar o olhar, do desejado objeto, me aproximei do tronco da árvore com intenção de escalá-la. E como quem está hipnotizado não hesitei em iniciar a escalada. Com dificuldade alcancei seus primeiros galhos. De lá pude ver que a fruta estava no galho mais elevado da árvore. Mas nem isso me fez desistir, pois estava realmente decidido a alcançá-la. E assim como o náufrago almeja a terra firme precipitei-me naquela empreitada. Embalado pelo ávido desejo de conquistar meu prêmio nem reparava onde pisava. Quando as pontas dos meus dedos já estavam quase tocando aquela preciosidade, notei então, que me faltava o apoio dos pés, tentei segurar em um outro galho. Foi inútil. Todo o meu esforço foi em vão. Estava caindo e tudo em que eu conseguia pensar era naquela manga. Morreria certamente. Pensei. E não comeria a fruta tão desejada. Sei que aquela queda demorou apenas alguns segundos, mas me pareceu uma eternidade. Somente após o impacto no chão foi que me dei conta do que havia feito.
Depois de me socorrer, meu pai disse que iria derrubar a árvore, pois achava que ela possuía poderes sobrenaturais e que era possível que ela, em qualquer dia daqueles, me encantasse.
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Manoel Magalhães Teixeira
Coordenador da Escola Mauricila Sant'Ana - Rio Branco
(Formação – 16 de outubro de 2009)
Rio Branco – AC, 16 de Outubro de 2009.
Querido diário,
Hoje voltei á escola da minha infância, foi uma viagem bem interessante, pois recordei o quanto foi difícil estudar nos meus tempos de criança. A escola era outra, os professores tinham uma forma diferente de ensinar, ás vezes ir para a escola era assustador, pois os castigos eram certos, principalmente se não desse a lição correta. Mas mesmo diante de toda a dificuldade dos tempos de escola na minha infância, o que eu mais queria era aprender a ler e escrever, e não desperdiçava uma oportunidade de pegar uma lição junto com uma turma de adultos que faziam o MOBRAL onde minha tia era professora. Na época eu tinha entre sete e oito anos e caminhávamos todas as noites meia hora na margem do Rio Acre pela praia até chegar á escola, pois morávamos no seringal Porto Carlos próximo de Assis Brasil. Quando cheguei á cidade já estava alfabetizada e fui para o primeiro ano forte. Não me recordo de ter tido uma amizade mais próxima com os professores, pois na verdade o que eu tinha muito era medo deles, com exceção de minha tia Aurora que foi quem me alfabetizou.
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Francisca Carvalho do Rego
Coord. De Ensino da Escola Jornalista José Chalub Leite
(Formação - 16 de outubro de 2009)

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