sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A máquina do amor

Jorge Felix
Estou insone, resolvi escrever, já passa da meia-noite, sai do quarto, calor infernal, para completar um pigarro na garganta me atormenta e olha que eu nem sou fumante e não estou gripado.
Lembrei-me da ‘máquina extraviada’ de José J. Veiga, defronte da piscina, ventinho agradável, observo a rede da Ruth, olho para o quadro do Galvez, uma carapanã me persegue zunindo em meus ouvidos à espreita do meu sangue e em vão tentei matá-la...fugiu a bandida vampiresca.
Acredito que somos meio que máquinas extraviadas, devoradoras miltônicas¹ inadimplentes, luzindo, com polimento impecável, porém com sentimentos ocultos. O amor que escondido teima em libertar-se das engrenagens besuntadas de óleo lubrificante.
Na verdade o que me incomoda é essa efemeridade da vida, quando estamos aprendendo a viver, estamos perto da finitude.
Segundo uma amiga, a Almerinda, o amor enquanto sentimento sublime não acaba, jamais se acabará – e eu completo a assertiva – o que acaba é o encantamento pelo outro. Será que se polirmos bastante a máquina, cultivarmos fittipalticamente² o amor ele permanecerá? As vezes pelo desgaste inexorável das peças não haja como salvar a máquina do amor.
Voltei ao apartamento...vou ler alguma coisa.

(Jorge Felix de Souza Vieira em 28/10/2009)

( texto baseado no texto “A máquina extraviada” de J.J.Veiga)

¹miltônicas refere-se ao professor Milton Francisco que trocou involuntariamente uma palavra por outra leitora por devoradora.
²fittipaldicamente refere ao colega Emerson Fittipaldi que defende a idéia de que o amor deve ser cultivado, cuidado

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